quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Lei Municipal de Incentivo à Cultura

Possibilita o incentivo fiscal para a realização de projetos culturais, no âmbito do Município de Belo Horizonte. O incentivo fiscal corresponde à dedução de até 20% (vinte por cento) dos valores devidos mensalmente pelos contribuintes do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN - que vierem a apoiar, mediante doação ou patrocínio, projetos culturais apreciados e aprovados na forma desta Lei e de sua regulamentação.O valor que deverá ser usado como incentivo cultural não poderá exceder a 3% (três por cento) da receita proveniente do ISSQN em cada exercício.

Legislação: Lei nº 6.498, de 29 de dezembro de 1993Decreto nº 9.863, de 04 de março de 1.999Decreto nº 10.131, de 19 de janeiro de 2000Decreto n º 10.162, de 11 de feveiro de 2000Decreto n º 11.103, de 5 de agosto de 2002

Contatos: Prefeitura da Cidade de Belo Horizonte: Fundação Municipal de Cultura: Rua Sapucaí, 571 – Floresta Tel: (31) 3277-4628.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

29.10.2007

Caninha, branquinha ou birita?
Cidade de Salinas, umas das maiores produtoras de cachaça em Minas, vai ganhar museu dedicado à bebida. A iniciativa é da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais
É conhecida popularmente como água que passarinho não bebe, branquinha, birita, aguardente, caninha, pinga, entre outras denominações. Com mais de 500 designações, a cachaça, bebida tipicamente mineira, ganhará um museu à altura de sua história. A Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, por meio das Superintendências de Museus e de Interiorização, e a Prefeitura Municipal de Salinas firmaram, ontem, dia 29, um Termo de Cooperação Cultural para a criação do Museu da Cachaça. Os investimentos estão estimados em R$ 4 milhões.
“O Museu da Cachaça está sendo projetado para ser um diferencial no Norte de Minas e no Brasil, no que diz respeito à geração de emprego e renda. Ele será um equipamento não apenas de natureza cultural, mas servirá também para difundir e comercializar um precioso bem da cultura de Minas e de Salinas. A iniciativa servirá para atrair turistas e movimentar a economia”, pontuou a secretária de Estado de Cultura de Minas Gerais, Eleonora Santa Rosa, durante a cerimônia de assinatura do Termo de Cooperação Cultural, que aconteceu no Salão da Prefeitura de Salinas, a 661 km de Belo Horizonte.“Salinas está muito feliz. O Museu da Cachaça é uma ação que potencializa o que a cidade tem de melhor. Fabricamos cachaça por uma tradição histórica. É um segmento consolidado da nossa economia e o Museu vai turbinar essa potencialidade. Salinas completou 120 anos, no dia 04 de outubro, e acrescenta nas comemorações uma linha a mais, assinada pela Secretaria de Estado de Cultura”, afirmou o prefeito de Salinas, José Antônio Prates, depois de assistir a uma apresentação com projeções do Museu da Cachaça.
A implementação do Museu da Cachaça, em Salinas, será em três etapas, com início em 2007 e previsão de término em 2009. O Museu será construído em um terreno de 6 mil metros quadrados, cedido pela Prefeitura – antigo aeroporto de Salinas. Serão feitos estudos e pesquisas históricas e antropológicas, inventários de bens culturais relacionados ao tema cachaça, em Salinas, catalogação de acervo, estudo ambiental, entre outros. O Museu da Cachaça vai abrigar, desde as formas de produção, até a comercialização e consumo, possibilitando ao visitante perceber o universo processual da fabricação e histórico da bebida.Estima-se que, atualmente, existam de 40 mil a 50 mil produtores de cachaça no Brasil. Recentemente, a bebida foi instituída, por meio de um decreto presidencial, em 2001, como bebida nacional. Em Minas Gerais, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico – IEPHA/MG está em processo de registro da cachaça como patrimônio imaterial.

Fotos: José Carlos Paiva / SECOM
09.11.07

Museu é lazer?
Superintendência de Museus alimenta discussão no curso de Turismo da UFMG.


Conhecimento e informação podem ser associados à diversão? Como os museus podem trabalhar para formação de um público de fato interessado? Questões como essas foram abordadas no dia 07 de novembro, em palestra oferecida pela Superintendência de Museus da Secretaria de Estado de Cultura – SUM/SEC à turma de graduação do curso de Turismo da UFMG. A palestra, ministrada por Greciene Lopes, pedagoga do núcleo de Ação Educativa da SUM, foi realizada dentro da disciplina “Teoria do Lazer”, ministrada pela Professora Christianne Luce Gomes, a convite de Cleide Aparecida de Souza, estagiária docente, mestranda na área.“A construção desse público está se dando, e o momento de discutir é agora”, destaca Greciene, valorizando a iniciativa de levar-se o debate aos jovens que irão atuar nessa área. “A nossa formação (há 10 ou 15 anos) não foi voltada para o lazer, mas para a visitação escolar obrigatória. A proposta da Ação Educativa, hoje, é formar um público que vai gostar e voltar ao Museu”, idealiza a palestrante.Os museus têm buscado formas lúdicas de aproximação com o público. São vários projetos ligados às artes, como Musa Música Museu, que oferece apresentações musicais gratuitas dentro do Museu Mineiro; a Semana Roseana, desenvolvida pelo Museu Casa Guimarães Rosa em Cordisburgo, que dedica uma semana de palestras, filmes, música, dança, seminários e mais atividades culturais gratuitas, abertas à comunidade; também o Sarau lítero-musical, Cantando Alphonsus, oferecido pelo Museu Casa Alphonsus de Guimaraens, em Mariana, busca estreitar laços com a comunidade, convidando jovens de toda a cidade a recuperar a Obra do poeta homenageado pelo Museu.

Oficina de Cartões no Museu Casa GuignardA proposta é entender o museu como guardião de uma cultura viva. Já instituído como espaço de coisa velha, de memória perdida, o museu precisa conquistar o público. Os programas de Ação Educativa encontraram nas oficinas, recitais, shows musicais e outras interseções culturais, maneiras interativas de fazer isso. Mas, como debatido nesta quarta-feira, são experiências: “umas dão certo, outras não, mas a gente vai tentando”, finaliza otimista, Greciene Lopes.

Disponível em: http://www.cultura.mg.gov.br/?task=interna&sec=3&cat=31&con=1173

06.09.07

Choque de Inhotim
Lucas Mendes


Eu não estava e nem você está preparado para levar o choque de Inhotim. Se você cair de quatro ou ficar de joelhos, não será o primeiro nem o último.
Vamos começar pelo nome. Inhotim. Tim era um fazendeiro gringo, e Inho, naqueles tempos, era senhor.
Virou Inhotim. Simples, mas às vezes é dificil entender.
Fui lá a primeira vez há uns 20 anos, a convite de Bernado Paz, para conhecer a mineração dele. Depois nos convidou para almoçar na casa da fazenda, modesta mas limpa e confortável.
Hoje é a única construção modesta em Inhotim, com certeza a maior combinação de museu de arte contemporânea e jardim botânico do mundo.
A cinco minutos do terceiríssimo mundo de Brumadinho e a menos de uma hora de Belo Horizonte, levei um choque de primeiro mundo como nunca tinha sentido no Brasil.
Não duvide se Inhotim tiver em Minas o impacto cultural igual ou maior que o Guggenheim teve em Bilbao e na região do País Basco.
O jardim nasceu na década de 80, filho da amizade de Bernardo com Burle Marx. O paisagista vinha do Rio e outras partes carregado de plantas nobres e raras.
Constrói-se um lago aqui, outro ali, mais uma fileira de palmeiras e um ninho de patas de elefante.
A fazenda virou um vasto e lindo jardim. Hoje Inhotim tem 310 empregados, a maioria jardineiros.
No tempo que eu conheci o Bernardo em Nova York ele nunca manifestou interesse por arte ou museu, mas ele diz que herdou a sensibilidade da mãe, que pintava e escrevia poesia em casa.
Conta que um dia foi "tungado".
A amizade com o artista Tunga deu nele um desejo irresistível de enriquecer o jardim com obras de arte moderna. Cada artista teria sua própria galeria, e a primeira obra foi a de Tunga.
Hoje são nove galerias em condições impecáveis para proteger as 400 obras do acervo, na maioria grandes instalações.
Cildo Meireles tem duas, Hélio Oitica uma, a galeria da Adriana Varejão - mulher de Bernardo - está quase pronta, e há trabalhos de artistas do mundo inteiro.
Para quem não entende de arte moderna, como é, é difícil saber se o melhor do Inhotim está dentro ou fora das galerias, no magnífico jardim.
Há quatro lagos com dezenas de aves e vários cisnes negros com tanta atitude que deixam os brancos de bico caído.
Inhotim está aberto para o público de quinta a domingo e em outubro vai fazer um ano.
Para quem detesta verde e arte, há um ótimo restaurante e um bar cheio de bossa onde os visitantes podem matutar sobre o fenômeno Inhotim.
Quanto custou? De onde veio o dinheiro? Será que se paga só com a venda de ingressos?
A maledicência mineira não tem limites, mas quando você ouve o Bernardo contar como foi e como vai ser daqui a alguns anos - 28 galerias, mais lagos, cisnes, spa isto, hotel aquilo, centro de conferências, campo de golfe com todos os buracos, você percebe que está diante de um dos maiores egos do mundo.
O Super Ego não é nada perto do ego faraônico-babilônico do Bernardo.
Este é o grande impulso do Inhotim. São egos como o dele que mudam a paisagem do mundo.


Dísponivel em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/09/070906_lucasmendes_ac.shtml